“A espada” por Júlio Dantas
“A espada”
No convento, e talvez dez léguas em redor,
Frei André de Jesus tinha fama de santo:
Vigílias, orações, milagres, – e, entretanto,
Nunca tentara a Deus tão grande pecador.
Em moço, fora o mais terrível e o melhor
Dos duelistas de Espanha: ao vento o feltro e o manto,
Batia-se a sorrir, matava a cada canto,
Chamava à sua espada o seu primeiro amor.
Depois envelheceu, surgiu do seu engano,
Tomou para mortalha o burél franciscano, –
Mas apesar de frade, e santo, e penitente,
Na sua cela, um dia alguém o viu, a medo,
Abraçado a uma velha espada de Toledo,
A chorar, a chorar silenciosamente...
Por Júlio Dantas
Júlio Dantas (Lagos, 19 de Maio de 1876 - Lisboa, 25 de Maio de 1962) foi um médico, poeta, Jornalista, político diplomata e dramaturgo português.
No convento, e talvez dez léguas em redor,
Frei André de Jesus tinha fama de santo:
Vigílias, orações, milagres, – e, entretanto,
Nunca tentara a Deus tão grande pecador.
Em moço, fora o mais terrível e o melhor
Dos duelistas de Espanha: ao vento o feltro e o manto,
Batia-se a sorrir, matava a cada canto,
Chamava à sua espada o seu primeiro amor.
Depois envelheceu, surgiu do seu engano,
Tomou para mortalha o burél franciscano, –
Mas apesar de frade, e santo, e penitente,
Na sua cela, um dia alguém o viu, a medo,
Abraçado a uma velha espada de Toledo,
A chorar, a chorar silenciosamente...
Por Júlio Dantas
Júlio Dantas (Lagos, 19 de Maio de 1876 - Lisboa, 25 de Maio de 1962) foi um médico, poeta, Jornalista, político diplomata e dramaturgo português.
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