quinta-feira, 12 de março de 2009

Você pensa que a borboleta é fogo-fátuo?

Você pensa que a borboleta é fogo-fátuo?

Não! A borboleta é a sua alma que vaga
Pelos bosques e jardins e até se entrega
Pelo esplendor nas dimensões dos ares...
Sobre as cidades e até mesmo os mares,

Registrando da vida a maravilha no fato,
Verdades maiores de todo e aquele mito!
O do fogo-fátuo diante tamanha beleza,
O do viver em rosas sua eterna realeza.

Quando parte batendo as asas ao infinito,
Mostra ao mundo sua nobreza na leveza
Com que plaina nas alturas, em destreza

Diante a fragilidade com que se forma
Elemento de vida – A alma lhe transforma
Única dentre seres, Divina com certeza.

Por Anselmo Picardi

“Demósthenes” por Júlio Dantas

“Demósthenes”

Em casa de Lais, Demósthenes entrara:
Como Athenas inteira, o supremo orador
Vinha comprar também, nuns minutos de amor;
O corpo escultural dessa beleza rara.

Quási a possuíra já, de tanto que a sonhara:
E ao vêr, gloriosa e nua, em todo o seu esplendor,
Cingindo o stróphion de oiro aos dois seios em flor,
Essa linda mulher que se vendeu tão cara, –

Tímido, perguntou:– “Um só beijo fugaz,
Por quanto o vendes, grega?” E ela, num gesto lento:
- “Conta mil dracmas, velho, e tu me possuirás!”

- “Quê? Pagar por tanto oiro o beijo dum momento?
Dar mil dracmas por ti? Não, mulher; fica em paz:
Eu não compro tão caro um arrependimento.

Por Júlio Dantas

(Mantida a ortografia de época)

“A espada” por Júlio Dantas

“A espada”

No convento, e talvez dez léguas em redor,
Frei André de Jesus tinha fama de santo:
Vigílias, orações, milagres, – e, entretanto,
Nunca tentara a Deus tão grande pecador.

Em moço, fora o mais terrível e o melhor
Dos duelistas de Espanha: ao vento o feltro e o manto,
Batia-se a sorrir, matava a cada canto,
Chamava à sua espada o seu primeiro amor.

Depois envelheceu, surgiu do seu engano,
Tomou para mortalha o burél franciscano, –
Mas apesar de frade, e santo, e penitente,

Na sua cela, um dia alguém o viu, a medo,
Abraçado a uma velha espada de Toledo,
A chorar, a chorar silenciosamente...

Por Júlio Dantas

Júlio Dantas (Lagos, 19 de Maio de 1876 - Lisboa, 25 de Maio de 1962) foi um médico, poeta, Jornalista, político diplomata e dramaturgo português.

terça-feira, 10 de março de 2009

"As queixas de Polifemo" por Teócrito

As queixas de Polifemo (Idílio)

As queixas do ciclope Polifemo inspiraram um encantador idílio deTeócrito: "Sentado num rochedo muito alto, de olhos fitos no mar, para aliviar os pesares, cantava:

"Ó formosa Galatéia! Por que foges de mim? Quando me olhas, é maisbranca que o leite, mais doce que o cordeiro, mais leve que a novilha; mas quando desvias de mim os teus lindos olhos , oh, então és mais azeda que a uva ainda verde...
"Vens a estas praias quando o sono me fecha as pálpebras; mas apenas os meus olhos se abrem à luz do dia, foges como a ovelha foge do lobo sanguinário...
"Comecei te amar, jovem ninfa, no dia em que, pela primeira vez, vieste com minha mãe colher os jacintos na montanha, eu indicava o caminho.
"Desde então, nunca mais tive repolso; não posso já viver longe da tua presença, e entretanto Júpiter é testemunha, nada te importas com a minha dor.
Sei, ó mais bela das ninfas, sei porque foges de mim; é porque espêssas sobrancelhas, sombreando a minha testa, se prolongam de uma orelha a outra; é porque só tenho um olho, e o meu nariz alargado desce até os lábios...
"No entanto, apesar de ser o que sou, apascento mil ovelhas, espremo-lhes as mamas, bebo-lhe o delicioso leite; o verão, o outono ou o inverno, pouco importa; sempre tenho excelentes queijos...
"nenhum ciclope me iguala na arte de tocar oboé, e muitas vezes, tu que eu adoro, tu que és mais doce que a maçã rubra, muitas vezes eu te celebro nos meus cantos, durante a noite sombria...
"Para ti nutro onze cervozinhos enfeitados com um belo colar e quatro pequeninos ursos; vem ao pé de mim, e tudo o quanto possuo te pertencerá.
"Mas se os teus olhos se ferem com os longos pelos que me eriçam a pele, tenho lenha de carvalho e um fogo que nunca se extingue sob as cinzas; vem, e eu estou pronto a tudo sofrer, entrego-te a minha existência inteira e o meu único olho, este olho que é mais precioso que a vida.
"Ai, por que me recusou a natureza nadadeiras? Iria a ti através das ondas, beijar-te a mão se me proibisses um beijo em teus lábios.
"Jovem ninfa, se um forasteiro chegar a estas praias, quero que me ensine a mergulhar no fundo do mar; irei ver que poderoso encanto vos retém sob as ondas, tu e tuas companheiras.
"Somente minha mãe é a causa de todos os meus males; somente ela é que eu acuso; nunca te falou do meu amor, ela que todos os dias me via fenecer; mas por minha vez, para atormentá-la, dir-lhe-ei: "Sofro, sim, sofro muito."

Teócrito - (cerca de 310 a.C.-250 a.C.) Filósofo grego, poeta bucólico e autor de mimos nascido em Siracusa, na Sicília, colônia da Magna Grécia, no sul da Itália, que viveu em Kós e e depois foi viver na corte de Ptolomeu II (309 - 247 a. C.), em Alexandria, onde foi membro da plêiade dos poetas alexandrinos e cuja obra tornou-o o maior poeta da antiguidade grega, sendo considerado o autêntico fundador do estilo poético pastoral.
Embora tenha atingido grande prestígio por todo o mundo helênico, de sua obra resta a recompilação conhecida como Idílios, que quer dizer eidyllia, diminutivo de eidos, que também pode significar pequenos poemas, idílios. Era composta de trinta poemas de diversos gêneros, escritos em dialeto dórico literário e, em sua maior parte, na forma de diálogo e onde os personagens são pastores com seus amores felizes ou infelizes. Dos seus poemas que chegaram até os tempos atuais, os trinta poemas idílicos e vinte e quatro epigramas curtos, também há autoridades no assunto que questionam a autoria de alguns.
Dos poemas idílicos, dez são pastorais, outros relatam a vida citadina ou temas mitológicos. O seu seguidor mais célebre foi Públio Virgílio Marão (70-19 a. C.) que, nas Eclogas, introduziu a forma pastoral na poesia latina.

"O milagre da natureza" por Anselmo Picardi

"O milagre da natureza"

Passeando pelos bosques, em verdes lares,
Prenunciam na larva que em folhagem
Busca seu farto alimento em altares,
De tosca e deformada forma na imagem,

Viver em folhas uma nutrição obstinada
Para em sina hibernar em noite fechada.
É quando a lagarta encerra sua viagem
E se fecha em casulo, é metamorfoseada.

Dali, como em um passe dado por fada,
Liberta-se da antiga forma com louvores
Para assumir as mais belas asas e cores;

De lagarta em borboleta transformada
Na mais bela espécime já contemplada
Em jardins, se nutre com o néctar das flores.

Por Anselmo Picardi

Forma humana...

("Se damos aos deuses a forma humana é por desconhecermos forma mais perfeita” (Fídias – Escultor grego – Século – V – a.C.)

Silenus fron he Carapanos Colletion
ATHENS NATIONAL MUSEUM

Borboletas no Pantheon


Statue de Bronze de Poséidon or Zeus trom Artemision
ATHENS NATIONAL MUSEUM

Borboletas no Pantheon


The Youth from Antikythera
ATHENS NATIONAL MUSEUM

Borboletas no Pantheon


The Youth of Antikythera
ATHENS NATIONAL MUSEUM

Borboletas no Pantheon


Portrait of the -Philosopher of Antikythera

ATHENS NATIONAL MUSEUM

Borboletas no Pantheon


Portrait of man from Delos
ATHENS NATIONAL MUSEUM

Borboletas no Pantheon




Portrait of a pugilist from Olympia
ATHENS NATIONAL MUSEUM

Borboletas no Pantheon




Jockey fron Artemision
ATHENS NATIONAL MUSEUM

Borboletas no Pantheon


Bronze race-horse with a jochey from Artemision
ATHENS NATIONAL MUSEUM

Borboletas no Pantheon


Bronze statue of a god (hermes) or yoth
ATHENS NATIONAL MUSEUM

Borboletas no Pantheon




Bronze statue of a god (Hermes) or yoth
ATHENS NATIONAL MUSEUM

Borboletas no Pantheon


Bronze statue of Poseidon or Zeus form Artemision
ATHENS NATIONAL MUSEUM

Borboletas no Pantheon


Bronze statuette of a hosrman, from Dodone
ATHENS NATIONAL MUSEUM

Borboletas no Pantheon


Bronze statuette of athena Promachos
ATHENS NATIONAL MUSEUM

segunda-feira, 2 de março de 2009

“Laura, uma Musa desde Petrarca”

“Laura, uma Musa desde Petrarca”

Se Petrarca cantou-te doce, Laura,
Da beleza e encanto compartilha,
Das Musas, a mais bela em aura
Na pureza trouxe-te Faria Padilha.

Da vida, carregando toda a ternura
Das filhas do sonho e formosura,
Tão docemente, que em Álea Brilha
Todo o encantamento de uma filha.

Foram cantos de amor e loucura
Na emoção do poeta maior perdura,
O sonho bom de encontrar-te um dia

Com todo esse calor em que irradia
Sua excelência feminina; armadura
Que as Deusas trazem em sabedoria.

Por Anselmo Picardi (18/02/09 –o seu dia)

Frencesco Petrarca, ilustre poeta italiano, nasceu em Arezzo a 20 de Julho de 1304, e morreu em Arqua, nas imediações de Pádua, aos 18 de Julho de 1374. Criador do soneto como forma poética, cantou por sua Musa: Laura.

Das Musas... por Anselmo Picardi

"As reais feições com que brilhas"

Uma fada toda graciosa chamada
Aline Picardi apareceu em sonho.
Eu quase não acreditei, a danada
Que vi ainda criança no caminho

Encantado das fadas?! Doce amada
Dos Querubins veio adornada.
Em condões, ela de seu cantinho
Anunciava, com aquele carinho

Na autoridade maioral da fada,
As coisas não boas em maravilhas
Transformava em todas as trilhas

Para onde sua mágica apontava.
É nesse meu sonho que ela dava
As reais feições com que brilhas.

Das Musas... por Anselmo Picardi

Rebecca, mais formosa que Calíope

Acompanhei-te bela, ainda criança
O destino tirou-lhe da minha visão;
E sei, mesmo em toda sua confiança
Busca no conhecer sua nova posição

Na concepção do Belo em que encerra,
Em todos os quadrantes dessa terra
Beleza igual jamais, então, foi vista
Em Rebecca Atman; o que se avista

São as canções que Érato desterra
Em sua lira – nas musas a inspiração
Para o amor – na música da emoção

Alimentando a pura fonte de Aganipe,
Na eterna criação, poetas em canção
Anunciam-te mais formosa que Calíope.

Notas:

Érato – uma das nove musas – a que preside à poesia Lírica. Era representada pela fi gura de
uma prazenteira donzela, coroada de mirto e rosas, tendo uma das mãos a lira; ao seu lado,
um pequeno cupido com asas, um arco e a aljava;


Fonte de Aganipe – fi
lha do rio Perneso, que corre junto ao monte Hélicon. Aganipe foi
metamorfoseada em fonte, consagrada as musas, e suas águas tinham a virtude de inspirar
os poetas.

Das Musas... por Anselmo Picardi

"Luiza, ... 24 de agosto"

Minha, amada e admirada, prima,
Ainda que não tenha o privilégio
De vislumbrar-lhe, visto que ama
Nesta vida o belo, o eterno e sábio.

Irmã que eterniza toda esperança
De elance no eito de uma família
Milenar na efígie de toda criança,
Em especial, Luiza Faria Padilha.

Formosa e única em toda tradição
Física, Divina na beleza que faria
Do Oriente o berço da compreição

Que em álea o atmã transformaria
Em fausto, toda graça na canção
Que louva a data em dedicatória

Das Musas... por Anselmo Picardi

"Ludmilla Picardi, uma entre Deusas"

Lembro-te dos lindos tempos da infância,
Que linda menina! Encantada você brincava
Com as bonecas vestidas com toda elegância,
E todos te assistiam, a criança reinava.

Com aqueles cabelos longos da cor do oiro
Mais parecia a nós, um lindo anjo loiro
Que dos céus desceu e incorporada estava,
Cantando as músicas em que você enunciava

A beleza suprema em mulher, te acometeria.
Com aquela meiguice em que alegre sorria,
A todos repartia a simpatia em que amava,

O mundo encantado na casa de vovó teria
Os esplendidos ensinamentos em que se dava
À Ludmilla Picardi, em Deusa transformaria.

Das Musas... por Anselmo Picardi

"Vanessa, tão somente..."

Foram diversas minhas tentativas
De escrever-lhe, hoje, em seu dia.
Pensamentos partiam em evasivas,
Não continham a beleza que irradia

Vanessa Carelli Marques, amiga
E irmã, musa expressão da poesia
Que Orfeu compôs em uma cantiga
Onde em verso elegeu-lhe Titânia.

Mulher, rainha das fadas se revela
Deusa que em tálamo evidencia
Os cuidados que o Oráculo vela

Em Nixos, supremos em sabedoria,
De joelhos diante o que se nivela
Ao excelso e Divinal na alegoria.

Notas:

Orfeu – na mitologia grega, era um poeta e um músico, fi lho da musa Calíope. Era o mais
talentoso músico que já viveu. Quando tocava sua lira, os pássaros paravam de voar para
escutar e os animais selvagens perdiam o medo. As árvores se curvavam para pegar os sons
no vento. Ele ganhou a lira de Apolo, seu pai;


Titânia – rainha das Fadas;

Oráculo – são seres humanos que fazem predições ou oferecem inspirações baseados
em uma conexão com os deuses. No mundo antigo, locais que ganharam reputação por
distribuir a sabedoria oracular também se tornaram conhecidos como "oráculos", além das
predições em si mesmas;

Nixos – três deuses representados de joelhos no Capitólio, em Roma. Nixi Dii, deuses que
se invocavam nos partos difíceis ou quando se achava que deles resultariam muitos fi lhos.

Das Musas... por Anselmo Picardi

"Maravilhas da vida, Mariana"

Maravilhosas são as surpresas
Da vida, encontrar-te foi uma;
Mariana Picardi, uma das filhas,
Preciosas fl ores que se ama,

No encantado mundo que clama
Aos céus a sua graça e esplendor.
Da singeleza, ternura proclama
A sua origem em berço de amor.

Aos Deuses do Olimpo que conclama
As verdades maiores desse louvor,
Saudades que minha alma chama

Pelo convívio de minha gente,
Nessa pressa que o tempo reclama,
Contenta-me vislumbrar-te contente.

Nota:

Olimpo – célebre monte, entre a Tessália e a Macedônia, em cujo cume Júpiter tinha sua
habitual morada, com toda sua corte.

Das Musas... por Anselmo Picardi

"Menina morena, Marina Picardi"

Pequenina, lembro-te em infância
A beleza tênue de uma criança,
Carregando em véus sua elegância
De menina no templo da esperança.

Cantava em odes aquela inocência
Ainda viva em minha lembrança,
Da fantasia toda a importância
Naquele vai e vem de uma balança.

Daqueles tempos quanta saudade
N’alma minha invade, de amor
E ternura daquela pouca idade.

Se hoje, da beleza o esplendor,
Pelo amor trouxe ao mundo, feliz,
Uma bela fi lha à qual chamou Beatriz.

Das Musas... por Anselmo Picardi

"Tributo à Musa"

Lendo neste teu olhar que brilha,
A certeza de amor que compartilha,
O clamor desse sentimento, o coração meu
No sentir do leve toque, o corpo teu...

Menina, faz-me raiar um novo dia
Na beleza e encanto que irradia
Aqui no peito de um homem apaixonado
Pela tua graça e encanto transformado.

Se do tocar o corpo teu, que loucura
Faz-me um homem de amor inebriado,
Gemendo no prazer, o toque; que doçura

Se por esse embriagado amor eu fui tragado,
Pela penetração, o nosso ato, perpetua
A divina graça de um pai, na cria tua.