quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

"De Trás-os-Montes" por Anselmo Picardi

"De Trás-os-Montes"

No patíbulo os falsos lusitanos
Viram a morte em seu patejar.
Veio a corte e os valores humanos,
Em cada homem, o seu cortejar.

Valeu-me a crença, de hermanos
Covardes com seu cruel manjar
Ressuscitam o sonho, sem danos,
Que viemos de longe anunciar,

De Judá, a terra de todos os povos
Que Cristo veio nos recomendar.
De boa sorte, ouro, até diamantes,

Ornada veio à Nova Terra apresentar
O calor humano! De Trás-os-Montes
Trouxe da raça lusa o meu avatar.

São Paulo, Brasil - 12 de fevereiro de 2001

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

O que é CULTURA?!: No pensamento chinês...

O que é CULTURA?!: No pensamento chinês...

"O que é dado por Deus se chama natureza; seguir a natureza se chama caminho; cultivar o caminho se chama CULTURA. Antes que a alegria, o furor, a tristeza e a felicidade se expressem, são chamados o ser interior; quando se expressam no grau devido são chamados harmonia. O ser interior é o correto fundamento do mundo, e a harmonia é o Caminho Ilustre. Quando o homem ordenou o ser interior e conseguiu a harmonia, o céu e a terra estão em ordem e assim as mil e uma coisas se alimentam e crescem. Chegar à compreensão, partindo do ser verdadeiro, se chama natureza; e chegar ao ser verdadeiro, partindo da compreensão, se chama CULTURA; quem é o seu eu verdadeiro tem assim compreensão, e quem tem compreensão encontra o seu eu verdadeiro. Só os que são absolutamente eles próprios no mundo podem cumprir sua própria natureza; só os que preenchem a sua própria natureza podem preencher a natureza dos outros; somente os que preenchem a natureza dos outros podem preencher a natureza das coisas; os que preenchem a natureza das coisas merecem ajudar a Mãe Natureza a que faça crescer e sustentar a vida, e os que merecem ajudar a Mãe Natureza a que faça crescer e sustentar a vida são OS IGUAIS do céu e da terra."

Doutrina apresentada no "Meio de ouro", escrita pelo neto de Confúcio - Esta passagem figura em um dos Quatro livros confucianos.


O que é CULTURA?!: No pensamento ocidental...

O conceito de cultura

Cultura do Lat. Cultura s. f., ato, efeito de cultivar;
desenvolvimento intelectual, saber;
utilização industrial de certos produtos naturais;
estudo, elegância; esmero;
conjunto de padrões de comportamento, das crenças, das instituições e de outros valores morais e materiais, característica de uma sociedade; civilização. Os primeiros usos nos idiomas europeus preservaram algo do sentido original da cultura, que significa, fundamentalmente, o cultivo ou cuidado de alguma coisa, tal como grãos ou animais, mas referindo-se ao cultivo da mente. Já o que define a nossa cultura como moderna é o fato de que a produção e a circulação das formas simbólicas se tornaram, desde o fim do século XV, cada vez mais e de uma forma irresistível, parte de um processo de mercantilização e transmissão que é, agora, de caráter global. "Começando como nome de um processo – cultura(cultivo) de vegetais ou(criação e reprodução) de animais e, por extensão, cultura(cultivo ativo) da mente humana – ele se tornou, em fins do século XVIII, particularmente no alemão e no inglês, um nome para configuração ou generalização do 'espírito' que informa o 'modo de vida global' de determinado povo."

Definição de Cultura: ... John Thompson, que oferece uma teoria social para a compreensão do papel da mídia nas sociedades modernas, propõe uma análise da "midiação" da cultura moderna que constitui uma excelente contribuição para o estudo do marketing cultural. Sobre a cultura, em sua obra ideologia e cultura moderna, temos:

Definição de Cultura:
Clássica: 'cultura é processo de desenvolvimento e enobrecimento das faculdades humanas. Um processo facilitado pela assimilação dos trabalhos acadêmicos e artísticos e ligado ao caráter progressista da era moderna'.

Antropológico-descritiva: 'cultua ou civilização tomada em seu sentido etnográfico amplo, é aquele todo complexo que inclui o conhecimento, crença, arte, moral, lei, costume e todas as demais capacidades e hábitos adquiridos pelo homem enquanto membro de uma sociedade'.

Antropológico-simbólica: 'cultura é o padrão de significados incorporados nas forma simbólicas. Inclui ações, manifestções verbais e objetivos significativos de vários tipos, em virtude dos quais os indivíduos comunicam-se entre si e partilham suas experiências, concepções e crenças'.

"Alma minha Gentil" por Luís Vaz de Camões

"Alma minha Gentil" por Luís Vaz de Camões

Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida, descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te
Alguma cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.

"Soneto" Por Dante Alighieri

Soneto

Por Dante Alighieri
(Tradução Arduíno Bolivar)

É tão gentil e tão honesto o ar
Da minha Dama, sempre que aparece
E a outrem saúda, que ante ela emudece
Toda língua ousa falar.

Ela se vai sentindo-se louvar,
Vestida de humildade, e até parece
Coisa que de lá do Céu à terra desce
A fim de a todos nos maravilhar.

Mostra-me tão graciosa a quem a mira,
Que nos filtra através do olhar no seio,
Um dulçor que só entende quem o prova.

Parece que do seu lábio se mova
Um suspiro suave, de amor cheio,
Que vai dizendo a toda a alma: suspira.

“Longe de Laura inveja a região que a possui” por Petrarca

Sonetos:

“Longe de Laura inveja a região que a possui”

Francesco Petrarca
(Tradução de Almansur Haddad)

Nem ave ninho ou fera selva obscura
Houve triste como eu no apartamento
Desde que se afastara o encantamento
Do Sol que o meu olhar sempre procura.

Tenho o pranto por única ventura,
É dor o riso e absinto o mantimento,
E eu vejo turvo o claro firmamento,
E o leito é campo de batalha dura.

O sono é na verdade qual se diz
Irmão da morte e o peito nosso priva
Deste doce pensar que sempre o aviva.

Só no mundo felice e elmo país
Verdes ribas e florido recanto,
Vós possuís o bem que eu choro tanto.


“Espera que a fama há-de compensar o seu atual tormento”

Francesco Petrarca
(Tradução de Almansur Haddad)

Doce ira, doce mal, doce brandura,
Doce afã, doce peso que hei sentido,
Doce par tão docemente ouvido,
E que é doce de luz ou de aura pura.

Alma, sofre calada o que tortura,
Mitiga o doce afã que te há ofendido
Com o doce louvor que hás recebido
Por esta que é minha única ventura.

Dia virá que suspirando diga
Alguém cheio de inveja: Assás sofrera
Este por belo amor e seu enredo.

Outros: Ó sorte dura e tão inimiga!
Por que esta doce dama não nascera
Pouco mais tarde ou eu pouco mais cedo?

Frencesco Petrarca, ilustre poeta italiano, nasceu em Arezzo a 20 de Julho de 1304, e morreu em Arqua, nas imediações de Pádua, aos 18 de Julho de 1374.

Palavras de Alceu a Safo...

"Palavras de Alceu a Safo"

"Ó cheia de pureza, ó Safo coroada de violetas que docemente ris: eu te diria de bom grado certa coisa, se não fosse a vergonha que me impede."

Resposta de Safo a Alceu

"Se quisesses tão só o bom e o belo, se em tua boca más palavras não tramasses, não haveria essa vergonha nos teus olhos e poderias exprimir-te francamente."

"Contemplo como o igual dos próprios Deuses" por Safo

"Contemplo como o igual dos próprios Deuses"

Por Safo

Contemplo como o igual dos próprios deuses
esse homem que sentado à tua frente
escuta assim de perto quando falas
com tal doçura,

e ris cheia de graça. Mal te vejo
o coração se agita no meu peito,
do fundo da garganta já não sai
a minha voz,

a língua como que se parte, corre
um tênue fogo sob a minha pele,
os olhos deixam de enxergar, os meus
ouvidos zumbem,

e banho-me de suor, e tremo toda,
e logo fico verde como as ervas,
e pouco falta para que eu não morra
ou enlouqueça.

("Safo" – a maior poetisa lírica da Antigüidade é, provavelmente, também a primeira mulher a fazer poesia importante na história da cultura ocidental. Nasceu na ilha grega de Lesbos, por volta do ano de 612 a.C.; Dentre os gregos que lhe foram contemporâneos e pósteros, Safo era considerada uma dos chamados "Nove Poetas Líricos" (os outros eram: Álcman, Alceu, Estesicoro, Ibico, Anacreonte, Simonides, Píndaro e Baquilides). Estrabão escrevera que "Safo era maravilhosa pois em todos os tempos que temos conhecimento não sei de outra mulher que a ela se tenha comparado, ainda que de leve, em matéria de talento poético.")

“A espada e o poeta” por Alceu

"A espada e o poeta”

Por Alceu (Tradução de Garret)

Eu coroarei de mirto a minha espada,
Como a de Harmódio honrada,
E como a de Aristógiton, o forte,
Quanto ao sevo tirano deram morte,
E Atenas libertada
Foi à igualdade antiga restaurada.

Tu não morreste, Harmódio, oh não!
Tu gozas Nessas ilhas ditosas
Serena vida cos heróis que aí moram
E onde, cremos, demoram
Diomedes, o valente,
E Aquiles, o veloz, eternamente.

De mirto a minha espada
Trarei como Aristógiton c'roada
E com Harmódio, o forte,
Que vingança a reserva,
Quando, nos sacrifícios de minerva,
Ao tirano Hiparto deram morte.

Em prezada memória
Viverá para sempre, eternamente,
Harmódio a tua glória,
E a tua, Aristogiton valente,
Que o tirano matastes
E à liberta cidade
O usurpado direito restaurastes
Da primeira liberdade.

(Alceu – poeta e político grego do século VII a. C. Nasceu em Mitilene, ilha de Lesbos, é considerado um dos maiores poetas líricos da história da humanidade, foi contemporâneo de Safo e como a décima musa conheceu o exílio)

"...coração de criança" por Mêncio"

Um pouco de Mêncio - Filosofia chinesa

Mêncio conveio em que perdemos alguma coisa e que compete à filosofia descobrir e recuperar o perdido: o "coração de criança". Segundo Mêncio "um grande homem é aquele que não perdeu o coração de menino".